[FREE] Hades (Tucka) Vs Máscara da Morte (Arthur)

Em tempos em tempos até os dias de hoje, uma rincha milenar estala entre dois rivais mitológicos. Divindades com ideologias opostas — o bem contra o mal — se digladiam orquestrando uma guerra batizada como “Santa” — pelo tamanho e proporção que abrange essa peleja sangrenta e destrutiva.
E como para tudo existe uma validade, eis que por fim, o selo imposto pela deusa da guerra e sabedoria – Atena – sobre as almas dos espectros e do imperador das trevas perda sua efetividade.
Despertados pela magnitude e divindade cósmica de seu senhor — Hades — 108 espectros e seus juízes infernais sedentos por vingança, anseiam a tão esperada revanche contra a horda ateniense.


Astrônomos em todo o mundo se afligiram ao perceberem que os planetas estranhamente se aliavam. Estáticos e sem uma explicação lógica, assistiam a um eclipse prematuro e global enfatizar as trevas por meio de uma escuridão sufocante e assustadora, que recobria toda a face terrestre.


Enquanto isso, em algum lugar desconhecido, onde mesmo a natureza se rendia a hostilidade daquela edificação gótica e fantasmagórica. No núcleo daquele mausoléu, jazia em repouso sobre um trono de madeira maciço um jovem franzino, de madeixas negras como as trevas e de pele alva.



O silêncio imperava no local, as escassas piras que ardiam em chamas oscilavam a luminosidade do ambiente. O jovem estava em um transe profundo, o ar seco entrava por suas narinas oxigenando sua mente possessa pelo mal. Articulava ele, meios para sobrepujar a resistência ateniense que por mais uma vez, se coloca em seu caminho.
Até que o ranger das dobradiças da porta de duas partes rompem o silêncio que imperava o antro.

Uma jovem moça, de longos cabelos negros e olhos escuros como a noite adentra o recinto. Seus passos reverberavam o assoalho em madeira ao toque de seu salto alto que em alguns momentos se escondiam por baixo do longo vestido.


— Meu senhor... perdoe-me entrar desta maneira. — Antecipou-se a jovem em se desculpar ao perceber o Rei das Trevas vira-se em atenção.



— Pandora?! O que deseja? — Indagou ele, desejando sua voz serena encrustada de uma calmaria reconfortante.

A jovem postada de joelhos com os olhos fixados ao chão continua; — Meu senhor, a pouco soubemos que um dos cavaleiros de Atena adentrou os domínios do inferno!

Ergueu as vistas e olhos nos olhos de seu imperador quando continuou... — Acreditamos que estão buscando meios de chegar até vossa eminência.

Após assimilar essa informação, Hades ergue-se de seu trono e caminha lentamente até uma das grandes janelas em forma de mosaico.




— Adentrar os domínios do inferno gozando de um corpo físico... Quem poderia ter poder suficiente para esse feito?

As incertezas assombravam a jovem pálida, que agora se erguia. Dois passos a frente e já próxima a Hades, completou; — Não podemos subestimar esses cavaleiros de Atena, meu senhor. Por isso irei enviar imediatamente Radamanthys e três de seus militares para intercepta-lo!

Ao entender a preocupação da jovem, Hades, já tinha plena consciência do que precisava fazer.



— Deixe que deste cavaleiro, cuido eu. — Fatalizou quando virava para a moça e fixamente olhava em seus olhos.

— Quero pessoalmente conhecer esse homem, capaz de cometer tamanha façanha. Eu mesmo irei recepciona-lo. – Finalizou quando esbouçou um leve sorriso em sarcasmo.

No Santuário, a tensão era clara. Atena havia ordenado aos Cavaleiros de Ouro, o que incluía ele, que permanecessem de prontidão, preparados para qualquer movimento das tropas que serviam a Hades, o Deus do submundo. Mas, para Máscara da Morte, ficar parado esperando era um insulto à sua natureza.  



-Esperar? – Murmurou ele, desdenhoso, enquanto observava o horizonte do Santuário. - Ordens de uma garotinha... Não nasci para ser de uma natureza tão passiva. Eu sou Máscara da Morte de Câncer!-

Sua voz ecoava pelas colunas de mármore, carregada de desprezo pela passividade. Atena podia ser a deusa que servia, mas ele também não era conhecido por obedecer cegamente. Ele sempre seguiu suas próprias regras, agindo conforme e tinha seus próprios métodos de resolver as situações que se formavam diante dele.


- Se esses espectros querem guerra, por que esperar que venham até nós? – Disse a si mesmo, formando um sorriso sinistro que tomaria conta de seu rosto a seguir. - Eu vou até esses vermes. Que vejam de perto que o verdadeiro terror é Máscara da Morte de Câncer.-

Sem avisar ou se preocupar em buscar permissão, partiu em direção ao submundo, transbordando de um cosmo macabro que o cercava como uma neblina escura, talvez tal sensação que seria impossível sentir em qualquer outro Cavaleiro. Para ele, não importava o que Atena ou seus companheiros pensassem. Ele não era um soldado submisso, mas sim um guerreiro que fazia sua própria guerra, portanto não seria uma centena de baratas vindas do submundo que o faria recuar.


Ao cruzar os limites do Santuário ele utilizou o portal para o mundo dos mortos e sentiu o ar peculiar das almas condenadas se aproximando, como se cada passo o levasse para mais perto de uma sensação que talvez só os elísios proporcionariam. Era de fato um ambiente muito agradável. E enfim, o submundo, o domínio do próprio senhor do inferno, onde ele sabia que teria a chance de encontrar inimigos dignos e se provar o verdadeiro mestre da morte.

Aliás, logo que chegou, ele também sentiu o cheiro fétido da morte e viu o cenário que tanto amava: almas condenadas, espectros, e a própria escuridão eterna.



- Agora sim, estou em casa, - Riu ele, deleitando-se na atmosfera.

Mais à frente, avistou alguns espectros que o observavam com desconfiança. Eles sabiam quem ele era provavelmente.
- Ah, então vocês são os famosos lacaios de Hades? – Ele zombou, cruzando os braços. - Que decepção.-
Os espectros se entreolharam, irritados pela provocação, mas antes que pudessem sequer se mover, ele liberou uma pequena fração de seu cosmo. O chão ao redor deles começou a tremer, e em instantes, uma das criaturas caiu de joelhos, subjugada pela pressão esmagadora.

-Vocês não passam de escória. Bucha de canhão. Exijo que tragam-me oponentes de verdade. - Ele caminhou até o mais fraco deles, segurando seu pescoço com uma mão. Acreditam mesmo que podem me deter? Eu vou mostrar o verdadeiro poder do inferno.-
Com um movimento rápido, lançou o espectro nas Ondas do Inferno, arrastando sua alma diretamente para a colina do Yomotsu. E assim, a criatura desapareceu em agonia, mantendo seus gritos como a única lembrança de sua existência até então.
- Bom, um rato a menos. - Manteve o sorriso, só que dessa vez de satisfação com a destruição que causara. - Agora, quem mais tem coragem para me enfrentar, vermes!-

Mais dois espectros hesitaram, mas ao menos tentaram avançar. O Cavaleiro suspirou de tédio, destruindo ambos com um golpe que os enviou ao mesmo destino do outro. Ele se divertia com a facilidade daquilo, mas sabia que algo maior parecia lhe aguardava, mas chamar atenção era seu objetivo. Logo sentiu uma presença avassaladora. Algo diferente. Mais poderoso certamente.

Por fim, o ar ao seu redor pareceu mudar, tornando-se mais denso e pesado, como se o próprio mundo dos mortos estivesse respondendo à aproximação de um ser de poder incalculável. Máscara da Morte virou-se lentamente, os olhos estreitados, seu sorriso desaparecendo por um breve momento. A figura que se aproximava carregava uma aura avassaladora, um cosmo que transcendia o dos espectros comuns. Assim um jovem se fez presente diante dele.
- Então você é o famoso Hades?– provocou o sujeito, inclinando a cabeça com aquele sorriso perverso característico. -Esperava alguém... mais imponente.-

Mesmo diante de um Deus, manteve seu desdém. Ele não era um homem que temia divindades ou respeitava autoridades, e seu sorriso zombeteiro cresceu.
-Dizem que você comanda as almas dos mortos, Hades. Que coincidência. Eu também lido com elas, mas de uma maneira bem mais... divertida. Talvez estejam precisando de um novo Deus para esse lugar-

Seu cosmo macabro explodiu ao redor, distorcendo o ambiente e fazendo as trevas ao seu redor estremecerem. Ele se preparava para a batalha, a luta que desejava, contra o próprio senhor dos mortos.
-Vamos ver quem controla melhor os mortos, senhor das trevas.- A energia em volta dele pulsava, pronta para desafiar o próprio Hades.
Assim, ergueu as mãos, e ao fazer isso, o chão ao redor começou a tremer. Um vórtice sombrio se abriu, e do abismo emergiram as almas condenadas que ele colecionava ao longo dos anos. Espíritos retorcidos e agonizantes, presos entre a vida e a morte, gritavam silenciosamente em seu tormento eterno. Eles flutuavam ao redor do dourado, prontos para obedecer a qualquer comando seu.

Alguém que desfruta do dom da vida, caminhar por terras hostis no sombrio vale da morte, seria presunção ou ignorância? Validar tamanho feito e ainda por cima vitimar as proles infernais, realmente seria algo a se ver de perto.

Em meio ao cenário nefasto, onde o céu vibrava em vermelho e as almas agonizavam em desespero. A um pouco mais de 10 metros do invasor, o véu da realidade estremece abrindo uma fenda que interliga os mundos etéreo ao material. Desta fenda, a figura de um jovem pálido, de vestimentas esvoaçantes e cabelos mais negros do que a própria noite surge.
A sua presença divina sobrecarrega a atmosfera e mesmo o céu carmesim escurece em rendição a sua imponência.

O corpo franzino que levitava com fluidez aos poucos vai de encontro ao solo. Quando finalmente, de forma sutil, seus pés afagam o terreno arenoso.




— Vejo que eis um mero mortal carregado de prepotência e ignorância, para vir até o inferno desafiar o Imperador das Trevas! — Afirmou ao estranho quando desenhou um leve sorriso em desprezo.

O debochado ateniense não parecia surpreso pela divindade que se coloca ante ele. Suas palavras eram diretas, ríspidas e ao mesmo tempo irônicas.
O senhor dos mortos não se incomodava com tamanha insolência. Tinha pleno conhecimento do destino miserável que aquele homem teria por suas próprias mãos. O inevitável estava ao seu alcance, mas mesmo ciente de sua supremacia, estava ele disposto a ver até onde iria o cavaleiro de ouro.


— Humph! Que interessante... — disparou o divino ao perceber a manipulação dos mortos ao efeito da técnica do canceriano. — ... Então você desceu até o inferno para me mostrar uma técnica tão pífia! — Ironizou.

Toda a alegoria oriunda da manifestação do dourado, refletia nos orbes centrados do rei. Hades, então faz um abrupto levante de seu cosmo, revelando parte de sua magnitude e poder conjurados ao púrpuro tom.




— Eu sou o senhor da morte... — Disse o Deus dos mortos quando percebeu seus espectros moribundos estirados no solo frio — ... Eu sou o senhor da vida! — Completou ele, quando com um estalo de dedos levantou todos os caídos, vítimas do invasor de vestes douradas.


Ao fim de suas palavras, cada espectro tombado tornava a se ergue. Suas sapuris pareciam recuperadas assim como o fôlego que toma seus pulmões.


O senhor das trevas estava curioso para ver até onde iria a prepotência daquele cavaleiro. Manipular os espíritos caídos, mesmo estando o invasor diante do senhor da morte seria algo interessante de ver.

A presença esmagadora de um Deus, especialmente tal como Hades, podia fazer qualquer mortal vacilar. Porém, o canceriano não era um mero mortal qualquer. Ele estava além do medo e da hesitação, em partes era graças ao fato de estar trajando a poderosa armadura de ouro. Era evidente que havia diferenças entre um Deus e um Humano, no entanto ele estava disposto a criar um milagre, caso fosse possível. Mesmo que perdesse, sua derrota seria um benefício qual seus companheiros se beneficiariam.

Neste instante observou Hades invocar os espectros caídos com um simples estalar de dedos. O cosmo púrpura do Deus os preenchia, e o sussurro das almas ressuscitadas ecoava em um lamento crescente para seus ouvidos. No entanto, ele apenas lançou um sorriso sádico de um assassino e despreocupou-se com a primeira ação da divindade, como se estivesse diante de uma piada particularmente macabra.

 

 

Definitivamente era uma verdade. Em uma comparação justa, talvez nem mesmo os Espectros de Hades tenham se afundado tanto na maldade quanto o próprio Máscara da Morte. No fundo o próprio Cavaleiro de Ouro já se questionou se as fileiras de Atena eram o seu lugar, mas, mesmo que não fosse, pelo menos ali ele tinha alguma independência para agir.

Sem hesitar, ergueu a mão e convocou seu próprio cosmo, expandindo-o em uma tempestade de energia que distorcia a realidade ao seu redor. Com um movimento brusco, ele desenhou no ar o portal para a entrada ao mundo dos mortos, abrindo o próprio caminho para o Yomotsu Hirasaka, porém, não para entrar dentro visto que já estavam dentro do mundo dos mortos, e sim para convocar aliados que estariam ao seu controle, almas estas coletadas pessoalmente por ele.


O canceriano então voltou sua atenção diretamente para o Imperador do Inferno, mas com sua expressão endurecida em um claro desafio e prazer contra sua autoria sobre a morte.

- Hades, você pode ser o senhor da vida e da morte, mas me subestimar foi seu erro. – Ele deu um passo adiante, com o cosmo intensificando-se ao ponto de faiscar ao redor de seu corpo.  
 

Sendo ágil em seus movimentos, ele avançou em direção a Hades, preparado para lançar um golpe direto. Seu cosmo fervia, pronto para contra-atacar o imperador dos mortos e provar que ele, Máscara da Morte de Câncer, não temia nenhum ser, nem mesmo um deus.
 
 

Seu cosmo expandiria novamente, intensificado pela fúria do próprio Cavaleiro, que direcionou seu ataque contra o Deus desferindo ainda mais almas atormentadas. Seu ataque seria moldado com um novo propósito. Em vez de invocar um portal tradicional, distorceria o espaço ao redor de Hades, transformando-o em um vórtice de energia sombria naquele ponto. Nesta ocasião, correntes invisíveis, carregadas de fragmentos espirituais, disparariam diretamente contra o Deus, mirando os pontos vitais de seu corpo humano como lâminas cortantes.

Inclusive, a energia distorcida das almas capturadas no Ondas do Inferno começaria a envolver Hades, apertando-o, numa espécie de prisão sombria criado por ele. Os espíritos torturados de suas próprias vítimas, ainda impregnados no cosmo do canceriano, se agarraram ao corpo de Hades, pressionando-o, enquanto ele concentraria sua energia para amplificar a pressão.